
Mães a contra-tempo
Data 23/06/2022 16:41:57 | Tópico: Prosas Poéticas
|  Neste velho tempo, Já não se vai ao rio Pelos atalhos da vida madura. Mal nasce o dia, Já se banha Nas águas destemperadas do tempo, Que o tempo doutrora isenta. Pelos atalhos do tempo Já não se vai ao rio, Tudo se madruga no tempo, E o maturo se confunde Com o verdolengo. A precocidade Se tornou na magna lei da vida. Neste tempo moderno, Poliniza-se verdes flores, sem esperar Que amadureça a vida À sombra do tempo. Maldita civilização dos homens, Todos passam à frente do tempo, Em nome do cego cultismo, Onde é comido precocemente o verde, Pelas abelhas madrugadoras E pelos velhos abutres, Que esquecem caducidade Do tempo vivido Nas curvas dos seus gastos cotovelos. É hora de questionar o tempo… E voltar atrás no tempo Pra que tudo passe a ser comido a tempo. Quantas árvores de luz São obrigadas A antecipar as madrugadas?! Quantos rebentos Choram a sua própria morte?! São tantos, e ainda, há muita lágrima À sombra das árvores desfloradas Antes do tempo.
Adelino Gomes-nhaca
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