
Sombra
Data 19/08/2022 17:24:20 | Tópico: Poemas
| Na busca da fonte do poema naveguei contra a corrente Viajei sob o brilho azul dos equinócios felizes da infância Eu tal qual pássaro, voava livre sobre o magma calcinado Doces chuvas primaveris abraçavam as imagens ao redor
Cenas caras que abriguei sob o cobertor de meus versos Inesquecível som distante das crianças e seus folguedos Essa foi a gênese de toda minha ânsia na escrita poética Nestes tempos o pássaro já não quer mais ousar seu voo
Hoje o perigo mantém as crianças presas dentro de casa Pobres histórias suspensas nas linhas do caderno da vida E mesmo o sino dominical daquela miúda igreja da praça Não toca mais, proibido por aqueles a quem tudo magoa
O mundo está tão deformado e vago que não reconheço Os dias sucedem as auroras em vão pois nada se constrói Uma névoa cinza, pálida e vaga oculta a lágrima da ironia Mas o poema se fará, tão infinito qual árduo manuscrito
O destino me deu a noite e canetas como lâminas afiadas Contra os livros de parágrafos sem sentido e donos cegos Fadados ao oblívio, tal quem esbanja a nulidade em livros Também deu-me esta sombra que escreve como outro eu
A palavra não é o acaso, antes um passo rumo a novo dia
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