
Gênese
Data 06/09/2022 00:51:28 | Tópico: Poemas
| A noite chega sorrateira e é sinal que a natureza dorme Estará o querer perdido nas sombras e a plateia calada? Será que um negro mar de melancolia lhe engoliu a fala? Nessa geometria oculta do movimento, o poeta transita Entre palavras. Nutre-se da negra teia que oculta o dia Em sua mente, detrás da escrivaninha as ideias cintilam Um retrato esmaecido é testemunha do tempo passado Não lhe diz o nome, antes o espaço que um dia ocupou Na sua vida. Qual fora o avesso silencioso d’um espelho A imagem ora replicada foi o porquê de nascer a poesia Tal qual ela completasse, como um duplo, a própria vida O poeta nasceu da dor para opor-se à sua continuidade P’ra oferecer luz em negação às sombras, ação à inércia E o que era carvão, traçado no papel far-se-á esperança Condensada dos pensamentos que um dia foram aflição E o poema ocupará o espaço onde antes era só o vácuo Onde havia ondas de delírio como ampliador da ausência Onde a angústia já reinou, vindo negar a dor e o silêncio Escrever é a ponte que unirá as margens sobre o abismo
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