Rendição ao tinir dos tostões

Data 23/09/2022 19:21:55 | Tópico: Poemas


Que doloroso
Galgar o monte
E ver o vento a soprar
Dos olhos que não seus!

Olhos vazios,
Olhos que dão nomes
Aos nomes
Que não são seus

Olhos de verdade gasta.
Olhos miúdos,
Escondidos atrás da razão,
Que a razão desconhece

Olhos do além-túmulo.
Oh, que vergonha!
A razão vive longe da verdade,
No dizer da gente do povo

Olhos veem a verdade
Coração regista a razão,
A alma rejeita o poder da decisão
E a verdade morre precoce

Viúva, vive a razão,
E de boca às mãos dos homens,
Vai-se pecando aqui e acolá
Sem mão dura da convalescente advocacia

E, dos olhos
Que não são seus nem meus,
Nasce impunidade às portas dos tribunais,
Rendidos ao tinir de tostões

Adelino Gomes-nhaca



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