Cântico em três Atos (Canto segundo)

Data 09/11/2022 13:32:42 | Tópico: Poemas

Canto segundo: da saudade.

Vou dizer como tenho andado entre os mistérios da noite
Soluçando como o menino solitário a morder a doce fruta
Figos pingando gotas açucaradas no decorrer do caminho
Ao vento ouço o cantar dos duendes no idioma do tempo

Ah, essa indolência das longas tardes passadas a beira-rio
Aspiro o aroma da camomila que me preenche os pulmões
E meu peito ferido, ora em branco, fora tocado pelo amor
Desiludido, saudoso hoje espreito a fumaça das chaminés

No poente, os trens, tal longa centopeia, sinais de partida
Cruzam meu mundo, entristecido, entre amigos dispersos
Na saudade rubra do crepúsculo ao farfalhar dos cardos
O vento a liderar a visita de negros pássaros, uiva à janela



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=364817