Poemas : 

Cântico em três Atos (Canto segundo)

 
Canto segundo: da saudade.

Vou dizer como tenho andado entre os mistérios da noite
Soluçando como o menino solitário a morder a doce fruta
Figos pingando gotas açucaradas no decorrer do caminho
Ao vento ouço o cantar dos duendes no idioma do tempo

Ah, essa indolência das longas tardes passadas a beira-rio
Aspiro o aroma da camomila que me preenche os pulmões
E meu peito ferido, ora em branco, fora tocado pelo amor
Desiludido, saudoso hoje espreito a fumaça das chaminés

No poente, os trens, tal longa centopeia, sinais de partida
Cruzam meu mundo, entristecido, entre amigos dispersos
Na saudade rubra do crepúsculo ao farfalhar dos cardos
O vento a liderar a visita de negros pássaros, uiva à janela


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
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