Saudade

Data 14/11/2022 12:31:14 | Tópico: Poemas

É a saudade a ave migratória que um dia cantou seu nome
Que venho vos contar com as caligrafias frágeis do poema
Um canto que viajou através dos oceanos do velho mundo
O som de violino a repousar sobre o zinco, entre os astros

Terei a mesma saudade, ainda que fale com a voz dos anos
O menino só deixa de sê-lo se imaginar nada ter a aprender
Sobre a tapeçaria das convenções intrincadas, és o que és
Se te magoam, desarma a face e oferece-lhes a outra frase

A saudade é algum lugar ao sul quando chega o dezembro
É o que nenhum retrato supre quando os corpos se calam
É a palavra que fora semeada e que jamais pôde frutificar
É o amor que vagueia entre a fome e o desejo nas canções

Em saudade usamos de amar quem já não temos nas vistas
Mas, que no litígio do cotidiano, foi um trem desgovernado
Quando vinha se entregar aos arpejos melodiosos do beijo
Ora vaza tal uma brisa, entre as paredes vivas da memória

Saudade é o brilho da folha em branco do poema inescrito
Apenas um cabeçalho e um nome resplandecendo em ouro



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