Livro das Ofensas VIII

Data 08/12/2022 11:19:00 | Tópico: Poemas

Conspurcaste a palavra no esgar desse ódio
A quem rasgaste lentamente o útero
Num sacrifício doentio e asqueroso
Encheste de orgulho num nefasto gáudio
Esse ego estúpido, senil, adúltero
E no final, sorriste com ar de gozo

Lembra a palavra que não pode morrer só
E que o seu poema jamais será órfão
Será declamado a uma só voz
Renascerá de ti, das cinzas, do pó
Terá pai, mãe, outro irmão
Serás tu entre todos nós

Conspurcaste do teu corpo o silêncio nu
O saber da tua própria ignorância
És palavra que já não sabes ter
Olhar só, cego e cru
Carregada intolerância
Sombra que quer morrer


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