Dom Quixote De Dali

Data 14/04/2023 00:00:57 | Tópico: Poemas

A brisa quando sonha quem a leva
Quebranta o sol do mundo e o parte em dois
Deixando uma trinca no depois
No sofrimento desde Adão com Eva.

Se o sonho do seu útero que espera
O filho de um futuro equidistante
A luz solar revela em seu semblante
Que o medo que transforma, regenera.

E quando o sol de gelo em primavera
Fazer a rocha vil mudar de cor
Pelo jardim da lua um beija-flor
Aguarda o regressar da besta fera.

Quando surgir um vulto em tal caverna
Platão perecerá em seu saber
Em sombras que um Fausto faz gemer
Druidas, Mefistófeles e etcetera.

E assim angeliciais augustos versos
Tecem manhãs de galos cabralinos
Castros negreiros versos nordestinos
Homéricos dilemas submersos.

Rosa do Guimarães e do Pessoa
Daquele que cantou a pobre Ismália
De um Dante destruído na Itália
Que a tradução indígena destoa.

E descortina a calma e os instantes
Revelações de pássaros divinos
Que o Homem é o mesmo Pai e o mesmo Filho
Que o tudo e o nunca mais é como dantes.

E neste instante já agora e aqui
Eu findo este poema sem canção.
Quem não tiver moinhos, meu irmão,
Jamais será Quixote de Dali.






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