Poemicídio

Data 26/04/2023 00:51:32 | Tópico: Poemas

Separo esse sofrer do meu espírito
Preparo os nutrientes desta planta
Assopro e no sussurro em meu delírio
Percebo o mal em mim que se agiganta.

Reparo e quando eu paro e não reflito
Na construção do nosso Criador
Na imensidão do vasto infinito
No grito do silêncio sucessor
Hera que reverbera pela terra
Erra, mas não flutua numa flor

Eu grito e o meu grito eu omito
E vou seguindo o rito que me apraz
Mas um tecer mentiras e o seu tecido
Afasta o meu sossego e minha paz.
E o despertar intrigas geram iras,
Que ao sumo sacerdote satisfaz.

Ó, Luz que guia o mundo e o universo!
Ó, Sol que aquenta a vida e gera o homem!
Percebam nos retalhos destes versos
Os cacos de costuras que consomem!

Na existência breve que pressente
Na superfície áspera de tudo
Que o grito do meu grito fica mudo
Futuro do passado em meu presente .

E a dor que move o ser na despedida
Longe de casa, do torrão natal
Disperso em continentes, preso em ilhas
Despido de veleiro em vendaval.

Eu rasgo o verso, o ventre e o sistema.
Roço a pelúcia e queimo a mão na neve
Quem nega uma nesga ao sol merece
Morrer no último verso do poema.

Eu despertei do sono e no meu sonho
Eu procurei por ti no fim do ato.
E agora é neste verso que eu te ponho
Pois justamente agora é que eu te... Mato!









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