Pedra

Data 08/05/2023 20:51:10 | Tópico: Poemas

A vida é um beiral onde equilibro meus largos limites
O vento diz que urge o movimento por arestas azuis
Leves suicídios burilam o amor em plexos longínquos
A inocência cai, eis desnuda, diáfana sem pestanejar
Uma névoa passa, irrecuperável, sêca diante de casa
Onde um último gozo se aguenta em taciturno beiral
Se há lado bom na morte, é que esta nunca se repete
A noite baixa pelo quintal com uma estranha melodia
Uma viola quebrada cerra o tempo, inaugura sombras
E ela? E menina ou mulher, mulher ou ar, ar ou pedra
Pedra dura de máscaras e raízes dessa ferida aberta
Lá no fundo a noite lança pedras de sonhos e cala-se
Será o silêncio a chama que ardeu por todo o tempo?
Sob a poeira da rotina, o chão inquietou meu olho nu

(*sêca. A palavra seca não tem assento, pois este era diferencial,
Usava-se para diferenciar a 3a. pessoa do singular do indicativo do verbo secar do substantivo feminino seca (falta de água, ou não molhada). Discordo que seja desnecessário, pois num primeiro olhar vem a forma verbal seca (é). Usei deliberadamente.



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