
Alice no país da poesia em 3 atos.
Data 25/05/2023 00:02:06 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| I Arco-íris, diante dos olhos, pulsantes e a via-láctea na bainha Magnitudes indistintas, meu sangue irriga a venturosa árvore Na parte da noite que não brilha, o opaco a tingir suas águas Um olho de luxo, outro simples, a água, o universo e este sol Não é meu sol é o verde. O segredo da vida é o seu não estar Estas meninas e seus corpos, teus copos, teu corpo cascavel Folhas, ramos, flores, frutos de ouro essa é a nossa mortalha Piam pássaros vermelhos, o cio em teus olhos vermelhos, zelo Douradas prímulas, plúmbeas plúmulas mesclam luzes e olhos Nestes traços que surgem no livro, à espreita atrás da cortina II Deixamos a raposa, as uvas e o lince voluptuoso, zooteca zero Nos querem nus, a desatar os nós, um oásis ao pobre escriba Signos ígneos negros, ocas marcas, ouriços, ouro, opacidade Alegram-se com a letra que mancha o poema monogramático Tudo de que te desfazes e dissipa no escândalo nu do sonho Às vezes um rosto apagado, boquiaberto, um pássaro súbito À noite na casa vazia sou o sapo que espera o beijo salvador O dormir que não se dorme, mas esvoaça em ritmos ocultos Despido de pé no chuveiro, meu permanente e ácido humor Minha expressão imprecisa para um gorjeio mais prolongado III Há que se conhecer a morte e seu desejo de dureza infinita Em plena alvorada, o que possa ter de consciência culpável Olhamos a obra, tal algo incontido na erudição dos saberes O livro, esse objeto apaixonado, se amplia se impõe e reduz O que há de confuso em um breve caos não é amordaçável A liberdade viva é um déjà vu, o recorte de cenas obscuras A serpente que acena ao falcão lá acima um pacto de viver Devemos permanecer sempre crianças e mais que um sonho Quando se decline o nome do gato, o gato salte sobre o muro Despido ao chuveiro, vou desdobrar meu punhado de sílabas Tecer à mesa do café encantadas imagens, dar início à manhã
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