(De)coração

Data 22/06/2023 03:04:06 | Tópico: Prosas Poéticas



Seria um inverno cinzento, frio e úmido para Celita e Joselito.
Celita, mãe solo, sobrevivia com seu único filho(Joselito) naquele condomínio, sustentados por bicos, pelo famoso trabalho informal.
Ele beirava os 22 anos e era o encanador do bairro. Ela com 40 anos de idade fazia reparos em roupas, profissão que aprendera com sua vó lá no Sertão.
Recapitulando...
Seria um inverno cinzento, frio e úmido para mãe e filho se não fosse a visita de Silvânia, a vizinha que gostava de folia, que estudara com Joselito no ensino médio e morava na casa ao lado com os pais.
Silvânia esquivou-se de tocar a campanhia, pois trazia sacolas pendentes nos braços, igualando-se a uma árvore de Natal. Despachada gritou:
-São João passou aqui?
O garoto abriu a porta e de branco foi ficando amarelo até corar. Essa morena causava o efeito nascer do Sol e pôr do Sol em Joselito, dizia Celita.
Antes que Joselito conseguisse elaborar uma resposta, Silvânia continuou:- O Santo mandou uma encomenda.
Nesse momento a garota foi tirando bandeirolas, toalha de mesa xadrez vermelha, amendoins, milho cozido, canjica, paçoca, bolos de puba e macaxeira e 1 garrafa de licor de passas; parecia mágico tirando surpresas da cartola, mas era Silvânia esvaziando as sacolas.
Os donos da casa contagiados pelo ritmo de forró que vinha de fora começaram a ajudar a morena na decoração. Xote, xaxado, baião e os três eram pura animação.
Logo a casa ficou encantada com bandeirolas alegres e coloridas, com delícias, exibidas em bandejas laminadas, perfumando a sala e os três amigos enfeitados com sorrisos.
Silvânia fez de coração e sentia-se feliz!



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