Solto a voz imersa na profundidade dos sentidos,

Data 07/08/2023 13:11:00 | Tópico: Poemas -> Amor

Levanto o véu do tempo e solto a voz imersa na profundidade dos sentidos, como uma melodia em vigília a recitar-me os segredos ocultos, a rasgar o espaço e a tomar o seu lugar.

Neste espaço de amar, há um desejo contido, uma ânsia indescritível a bordar o sol na textura acetinada da pele, como se os raios refulgentes fossem como fios finos, reluzentes e condutores e adentrassem a epiderme, poro por poro e ali depositassem semente a semente, o esplendor da claridade da existência, em cada rebento e trouxessem à Luz, todos os mistérios da vida.

Neste solo sagrado, a Luz é como o respirar e a paz uma melodia que paira no ar, tão envolvente e aconchegante, que nenhum movimento ousa sequer romper a Luz do momento, ou distrair o pensamento, porque tudo é plenitude.

Sinto-me refém destes instantes, como se fosse náufraga, ou o tempo num gesto suave, desse ordem a todos os relógios e ficasse ali detido diante da magnitude do arrebatamento, como se a emoção se vestisse sem nenhum embaraço e deixasse ali fluir os veios da vida, a verterem do âmago, o toque suave da doçura e num inebriante suspiro, deixasse ali brotar todas as sensações bruchuleantes, como se a Luz fosse do mistério, a razão única da existência.

Sinto-me feliz, e saúdo a vida como se tudo fosse crescimento dentro do bem e do mal, como se tudo fosse necessário e beijo cada instante, como se unisse as asas num bater suave e pairasse ali diante do sol, como se o seu brilho me vestisse a ternura do corpo e bordasse na alma a melodia dos meus sentidos, neste eterno para sempre.

(Alice Vaz de Barros)



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