Até onde o olhar me sobra

Data 21/08/2023 08:36:34 | Tópico: Poemas





Ajeito o espelho e deixo
que o tempo se desdobre em paisagens e destinos
até onde o olhar me sobra.

Dilui-se na lonjura o arvoredo
e é quase vã a esperança de encontrar
a margem da planura
onde
por esta altura
profundo e quente o silêncio cantaria.

Subtraio ao chão que piso o pensamento
e neste viajar entre espaços imprecisos
e pedaços de incertezas peregrinas
deslizo os dedos pela luz das madrugadas
ou memórias rendilhadas de charneca e neblinas.

Ajeito o espelho. O gesto é vagaroso e delicado
a consertar as horas
peça a peça
a (re)lembrar o tempo
que recomeça.

E é neste pó de verão que
hoje
eu prossigo o meu percurso.







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