
Traças
Data 16/09/2023 00:41:54 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| O assovio do vento soprou folhas da veneziana Os espíritos famintos clamavam na noite cruel Um gemer de afogados, os barcos na tormenta O grito longínquo no jardim, ecoou na calçada As árvores frondosas se desnudam, uma a uma Foi assim que partiste deixando o silêncio aqui Nem olhou atrás, na vereda gris da madrugada Agora estás de volta silenciosa qual uma serva Servil como uma gueixa, sem dizer teu intento Espreitando o escuro qual um estranho animal Esperarás que eu te receba, te ofereça flores À sombra daqueles dias, te digo, tudo morreu Da semeadura vã, vem uma colheita arruinada Adeus cerejas maduras, calda doce qual o mel Nem as frutas, os lírios ou mesmo os rouxinóis Também secou-se nosso rio povoado de verões Não há caminhos a seguir num mundo de traças Pela garganta o gosto amargo d’um nunca mais
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