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Traças

 
O assovio do vento soprou folhas da veneziana
Os espíritos famintos clamavam na noite cruel
Um gemer de afogados, os barcos na tormenta
O grito longínquo no jardim, ecoou na calçada
As árvores frondosas se desnudam, uma a uma
Foi assim que partiste deixando o silêncio aqui
Nem olhou atrás, na vereda gris da madrugada
Agora estás de volta silenciosa qual uma serva
Servil como uma gueixa, sem dizer teu intento
Espreitando o escuro qual um estranho animal
Esperarás que eu te receba, te ofereça flores
À sombra daqueles dias, te digo, tudo morreu
Da semeadura vã, vem uma colheita arruinada
Adeus cerejas maduras, calda doce qual o mel
Nem as frutas, os lírios ou mesmo os rouxinóis
Também secou-se nosso rio povoado de verões
Não há caminhos a seguir num mundo de traças
Pela garganta o gosto amargo d’um nunca mais



"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
Data
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202
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