Tudo e nada

Data 24/10/2023 13:37:15 | Tópico: Poemas

Pássaro, sou poeta sem nome, sem estirpe
Um pássaro das letras e silabas de pássaro
Palavras ruivas, tão vermelhas, tão negras
Carregadas no vento que trouxe as chuvas
Aos olhos d'um céu cinzento, inconcebível
Um pássaro que se incendeia e renascerá
Desplumado como víbora, breve e atenta
No sutil e volátil ar se converte em águia
Para, rasante, atravessar as teias da vida
Bicar a estrela da manhã, qual fosse nada
Tocar no sonho da noite, qual fosse tudo
Numa incipiente primavera, tudo ou nada
Amanhecer enfim, dia após dia, sol rubro
Nutrido da palavra oculta, do sal da terra
E despertado, beber do vinho que é verbo
Mistério real da transmutação do pássaro
No poeta que busca na sombra e vê a luz



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=370015