
Tudo e nada
Data 24/10/2023 13:37:15 | Tópico: Poemas
| Pássaro, sou poeta sem nome, sem estirpe Um pássaro das letras e silabas de pássaro Palavras ruivas, tão vermelhas, tão negras Carregadas no vento que trouxe as chuvas Aos olhos d'um céu cinzento, inconcebível Um pássaro que se incendeia e renascerá Desplumado como víbora, breve e atenta No sutil e volátil ar se converte em águia Para, rasante, atravessar as teias da vida Bicar a estrela da manhã, qual fosse nada Tocar no sonho da noite, qual fosse tudo Numa incipiente primavera, tudo ou nada Amanhecer enfim, dia após dia, sol rubro Nutrido da palavra oculta, do sal da terra E despertado, beber do vinho que é verbo Mistério real da transmutação do pássaro No poeta que busca na sombra e vê a luz
|
|