Apocalipse 2023
Data 25/10/2023 12:43:23 | Tópico: Poemas
| Não jurarias p’la noite perfumada d’um amor só começado Pois o sentimento adirá aos olhos humanos como um visgo Não, não o dirias pela noite gritando em loucos megafones Que o ozônio que se foi, ora aquece a terra, planeta risco Não clamarias por outra arca da destruição num novo fim Pois não viria um dilúvio, tudo sendo consumido pelo fogo Eis que vez todos mortos, nos ditarão a nova tábua de leis Sem os murmúrios e balbucios da escória a novos inventos Será reinventada uma compaixão, feita apenas de empatia Sem o arrastar de correntes, línguas antigas e sem punhais Sem o cuspir das balas ao som inesgotável dessas matracas Então serão lançadas fora as máquinas de triturar sonhos Que poderiam ser livremente sonhados e quiçá realizados Não haveria os bares nas esquinas das grandes metrópoles Ânforas de cobre coletariam toda a água que se irá beber Nos caules das rosas ou dos figos não nasceriam espinhos E nas melancias os caroços e cocos teriam cascas macias É quando, enfim tudo reiniciará sem essa monótona sorte Toda lágrima secaria só amando, também, se nos amassem Sem o risco de se apaixonar e, pior, até ser correspondido Sem corações feridos, não mais se escreverá as cicatrizes O poema enfim, seria escrito tal se manda nos dicionários
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