ANÔNIMA

Data 29/01/2024 12:32:58 | Tópico: Prosas Poéticas

Não me chamava tanta atenção aqueles grandes olhos acastanhados, emoldurados entre os longos cílios postiços.
Tampouco sua pequena boca ornada com lábios carnudos a sobressair no rosto largo e moreno de sol.
Os longos cabelos negros caídos sobre os seios maçãs, escondiam parcialmente os delicados mamilos debaixo da blusa de voil; túmidos pela aragem fresca soprada à beira mar.
Via-se nitidamente seu ventre se contrair ao menor toque dos dedos delgados, unhas alongadas e esmaltadas escandalosamente, sinalizando para baixo da minissaia, que abrigava seu fruto raro de possuir, mas disponível para quem dispusesse pagar caro.

Décimo terceiro chopp, na tarde caída e eu sem pressa nenhuma de sair dali.

Na esquina, ela era a única a desfilar à passos curtos vitrinando o belo par de coxas, pernas andarilhas, naturalmente rijas, guardiãs imponentes do seu ponto.

Bebi o último chopp, paguei a despesa, e me encaminhei para o cafofo que quisera um dia alugar para ela...

Já de manhã, cada gole de café acentuava o amargor da boca.
Com facilidade, comecei a lembrar-me do sonho bom cena por cena, ou pesadelo; resquício duma tarde etílica.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=371239