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    	Data 18/02/2024 22:13:50 | Tópico: Poemas
 
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  olhos afundados nas goteiras dos lagos  em busca de brilhos como dantes  quando nos olhávamos como duplas janelas  querendo ser abertas após o erguer das pestanas
  nesta realidade  os insociáveis olhares  range nas sombras  antes do calor  da chama  da cinza  no adeus anunciado  vestido de ganga, verniz e seda
  resta-me encarar as letras de frente  nas torturas das mesmas horas  esperar que o tempo  perfure as folhas  e faça da caneta que escreve  tinta do meu sangue
  sei que as letras  já me olham de lado  somos companheiras  da viagem ao passado  em direção ao esquecimento
  sofremos  de uma solidão esquelética  que bebe  da mesma saudade alcoólica  e fuma  da mesma tristeza poética
  não sei quanto tempo irá durar  esta união matrimonial
  a cada verso  morremos mais um pouco  e já não se ouve a chama do grito  não se veem os acordes da língua  não se sente o brilho grunhindo dos olhos   ao fim deste poema
 
 
 
 
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