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 ESCRAVO DA ESCURIDÃOData 12/05/2008 12:42:08 | Tópico: Poemas -> Sombrios
 
 |  | Tenho frio! Queria sentir a neve, como lençol
 Para me agasalhar da luz do sol.
 Como é frio este lugar,
 Ainda não vi a luz do astro-rei
 Sangue real de todas as cores.
 Este rei que a vida venera em todo o lugar,
 Mesmo que não se mostre, não se veja,
 Ele brilha para além tudo e de nós.
 Como é frio este momento sem fim.
 
 Deixa-me pegar a Lua,
 Mesmo que a noite fique sem luar.
 Quero trazer a luz que brilha, mas não aquece.
 Quero também trazer as estrelas comigo,
 Quero senti-las cintilantes dentro da minha alma,
 Quero apagar toda a luz do céu.
 Sentir o frio das trevas a descer sobre a terra.
 Vaguear o meu corpo inerte por ai à sorte.
 Sentir o frio cada vez maior,
 Pois tenho que sucumbir à vida.
 Sem a mistura das cores do arco-íris,
 Ser um escravo da escuridão
 Para perceber como é fria a morte.
 Será neste momento demente de frio
 Que perceberei como domina o Sol,
 Que enche cada corpúsculo de vida
 Fazendo-me encolher perante a sua sabedoria
 contida num único fotão, onde só ele
 pode conceber a liberdade da existência.
 
 E lá chega Ele, nascente em vaga de horizonte,
 Rebrilhando fresco, recriado e forte.
 Perfurando as nuvens, os montes e falésias.
 Escorrendo pelos mares, rios e cataratas...
 Impondo a cor por todo o lugar,
 Nas árvores, nos campos, nas flores…
 Que se alastra do vale até a alma da gente!...
 Como um incêndio que arde e lavra
 Por oceanos, pólos e continentes.
 
 Foi neste momento com esta visita,
 Inesperada e esquisita, que o frio me soube bem…
 
 © Jorge Oliveira em 23.FEV.08
 
 
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