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ESCRAVO DA ESCURIDÃO

 
Tenho frio!
Queria sentir a neve, como lençol
Para me agasalhar da luz do sol.
Como é frio este lugar,
Ainda não vi a luz do astro-rei
Sangue real de todas as cores.
Este rei que a vida venera em todo o lugar,
Mesmo que não se mostre, não se veja,
Ele brilha para além tudo e de nós.
Como é frio este momento sem fim.

Deixa-me pegar a Lua,
Mesmo que a noite fique sem luar.
Quero trazer a luz que brilha, mas não aquece.
Quero também trazer as estrelas comigo,
Quero senti-las cintilantes dentro da minha alma,
Quero apagar toda a luz do céu.
Sentir o frio das trevas a descer sobre a terra.
Vaguear o meu corpo inerte por ai à sorte.
Sentir o frio cada vez maior,
Pois tenho que sucumbir à vida.
Sem a mistura das cores do arco-íris,
Ser um escravo da escuridão
Para perceber como é fria a morte.
Será neste momento demente de frio
Que perceberei como domina o Sol,
Que enche cada corpúsculo de vida
Fazendo-me encolher perante a sua sabedoria
contida num único fotão, onde só ele
pode conceber a liberdade da existência.

E lá chega Ele, nascente em vaga de horizonte,
Rebrilhando fresco, recriado e forte.
Perfurando as nuvens, os montes e falésias.
Escorrendo pelos mares, rios e cataratas...
Impondo a cor por todo o lugar,
Nas árvores, nos campos, nas flores…
Que se alastra do vale até a alma da gente!...
Como um incêndio que arde e lavra
Por oceanos, pólos e continentes.

Foi neste momento com esta visita,
Inesperada e esquisita, que o frio me soube bem…

© Jorge Oliveira em 23.FEV.08



Jorge Oliveira

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quidam
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