Este é o Meu Sangue

Data 07/03/2024 20:03:18 | Tópico: Poemas

senhor
sou pecador’

caminho no Inferno’ num inferno danço
e volteio envolto por musas desnudas incrédulas com
a sorte que têm’ um homem para devorar’ deixado
atormentado desolado e disposto à sua mesa refeição
abundante de um miserável mel
de musas e medusas’ o vinho da Última Ceia

reflexos das minhas reflexões orações
das matinas e das laudes’ senhora’
porque te chamam das Dores’ que dores são as tuas que as nossas não tiraste’
tu não sabes’ tu não sabes’ tu’não’sabes

este é o meu altar lugar
da minha crucificação e redenção
despi os paramentos’ retirei os ornamentos’ só o cíngulo me veste o corpo nu’ longe da castidade
perto do pranto desgraçado de um homem em pecado
não mereço atos de contrição ou perdões inconscientes de conscientes impiedosos
o cheiro é horrendo’ honorável
senhora alva o cheiro
que sentes que invade este espaço é o dos meus pecados
que me enoja e enjoa
vejo o fumo do fogo que os queima’ os meus atos pecados queimados vivos

anátema eu’
a inquisição voltou

senhor’
sou pecador’
ajoelho na pedra dura e benzo-me
com as pedras do chão’ o sabor do sangue’
o sabor do vermelho esconjurado’ insuficientemente banido’
incredulamente vivido por séculos de décadas decadentes e indecentes
a morte não me chega’ chaga do mundo moderno’ vede’ senhor’ como me fizeste’ o que
fiz eu’’
não me punas por aquilo que fiz’ pois eu homem imundo
só vivi o que me deixaste viver
eu’
natureza animal de vontades hediondas medonhas ofereci-te em sacrifício
não me punas por aquilo que não fiz pois
eu’ homem de deus’ fiz-me à sua imagem

vê-lo’ é belo’ enganador’
a beleza das virgens’ a atração das sereias’ o perfume de mulher
quer’

estou à vossa mercê’
estou pronto’ não estou’
sei que bem não fiz’ qual foi o mal’ sei que não tenho perdão’ que
mereço excomunhão’ uma morte decapitada na cadeira elétrica’ o
meu corpo crucificado’ o meu corpo arrastado
pelas ruas em sangue até que
já não possam comigo até que
se cansem de mim até que
me larguem num largo qualquer onde nem
um abutre me há de querer

maria de Magdala era afinal o Messias
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