Não há romãs na primavera

Data 29/03/2024 22:51:07 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Agora pela manhã
Surge uma nova quimera
Apetece-me uma romã
Em plena primavera

A loja abre e lá vou dentro
Tal como sempre entro
Agora são sete da manhã
Quero só uma romã

Espero a minha vez
O meu reflexo na tez
A fila é longa
Já são oito e três

Esperei e esperei
Mas quando à minha vez cheguei
Depois de pedir romã à dona Alice
A mesma riu-se e disse:

"Por mais que venda lã
Cá não há nenhuma romã
Está numa padaria,
Não numa mercearia."

As horas que passei a esperar
Foram todas em vão
Na loja a olhar
Só consegui ver pão

Fui à mercearia
À procura da romã que queria
Nela também não havia
Fiquei bem todavia

Tanta expectativa
Fiquei à deriva
Sem ter o que quis
Fiquei um pouco infeliz

Com um pouco de sono
Já não mais estou terno
Romã é fruta de outono
Por pouco de inverno

Sempre houve romã
Mas é primavera
O tempo espera
Por outra manhã

Se não houve romã,
Foi na errada manhã,
Na loja errada,
Na errada entrada

E na chuvosa primavera
Levanto-me e digo "ó pá"
Sabe-se que pelo que se espera
Só há onde e quando há
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P.S.
Este poema foi escrito no dia 28 de março de 2024 depois de Cristo. Terminou de ser escrito às 10 e 57 da noite, horário UTC+0.

Neste poema, tento refletir que as decepções são inevitáveis, e temos de saber aceitar e lidar com elas. Afinal, não podemos controlar se ficamos decepcionados ou não, só o que fazemos quanto a isso.

Quando uso a palavra quimera, refiro-me a algo que é provavelmente impossível de concretizar, e que se deseja.

Sujeito a interpretação. Se algum verso for difícil de interpretar ou não parecer fazer sentido, não hesite em comentar. Vou dizer o que se passava na minha cabeça ao escrevê-lo, ou algo que faça sentido dizer, simplesmente.

Resto de bom dia/noite/tarde. Abracitos.



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