
Pobre homem
Data 24/04/2024 15:00:01 | Tópico: Poemas
| José Maria trabalha noite e dia E nunca sai da agonia. Qual é a graça da desgraça? Por onde andam os valores que não estão na praça? Onde o trem parou? Não sei onde eu estou. Onde foi parar o quadro que eu sonhava? Engole-se o choro e as palavras. Infelizmente dessa safra Eu não sei qual a semente que se safa. Há vidas por um fio, Derretendo-se no calor do mundo frio, Definhando e causando calafrio. Há vidas em um fio Enchendo o mar e esvaziando o vazio.
O que é a minha vida diante do diamante? De amante da vida não há nada Nos que surfam na onda dominante. A minha vida não passa de uma escada. Uma escada descartável Sem nenhuma chance de ser reciclável.
Até a garça ri da raça Voando perdida. Até a garça acha graça Da vida derretida, sumida na fumaça. Qual passarinho passaria fome Vigiando a comida de quem come? Pobre José Maria, Nunca sai da agonia, Pobre homem, obedece sem ser obedecido, Esquece que é esquecido e constrói sendo destruído. Ele sabe que foi jogado para escanteio. Ele sabe que o negócio está feio. Mas esgotado, bico calado, nada de freio. E nesse estado, nesse cercado, Se frear será esmagado.
Sem movimento, O pobre homem se transforma em um instrumento. Uma ferramenta, uma escada, um lombo de jumento, Um ponto para um pronto atendimento. O pobre homem sempre paga o pato. O pobre homem não sabe beliscar o prato. Só sabe beliscar o prato quem não paga o pato. Oh Pai! Se eu vir quem paga o pato no pulo do gato, ficarei grato. Dessa força que a gente bota, brota o que a gente quer. Se a gente se junta quem sabe assunta e de repente bate o pé.
Magno Ferreira
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