No teu rosto começa a madrugada

Data 08/07/2024 12:26:17 | Tópico: Poemas

«No teu rosto começa a madrugada»,
devagarinho, sorrateira, vem.
Despida e em silêncio enamorada,
stórias d’amor contando, ó meu bem.

E quando se abre a lua ao meu sol,
e somos faces de uma só moeda,
freme-me o corpo ao sentir teu crisol,
cessam-me as penas nessa tarde leda.

Sempre que à noitinha p’ra casa vais
me sinto logo nua sem teu calor,
triste de mágoas e de ansiedade;

sei bem, p’la dor que vem com nossos ais,
que somos nós uma campina em flor;
do coração, cresce-nos a saudade!

Filipa de Taveirós

(Nota de autor: o primeiro verso é de Eugénio de Andrade. Fui desafiada a fazer um soneto a partir desse primeiro verso, que "foi dado"...)


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=373449