
Olhar Cego nº 10
Data 18/09/2024 13:32:09 | Tópico: Poemas
| [Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]
Orgia
Desespera mais um parágrafo pelo seguinte Este pobre coitado não sabe como vai morrer Se de ponto final, exclamação ou interrogado Tal como este há outros que são quase vinte Na pressa de escrever os olhos que o vão ler Perdeu a compostura, viu-se ditado e não lido
Pura tese de estilo académico, quase verborreia Importante e imponente perante os seus pares Quando se estendia pela língua tutora de letras Do orador que esbracejava para plateia e meia Na leitura incessante daquelas páginas ímpares Que tontas lhe cambaleavam na boca, ególatras
O fogo queimava o pavio estimulado com azeite E derretia a cera sobre um candelabro macabro Negro e forrado a pequenas caveiras sorridentes As folhas cheias de verbos rostiam-se em deleite A orgia linguística dos frades era um descalabro E todos os sós riam gloriosos, com e sem dentes
|
|