Para a Noite de Kyiv (86ª Poesia de um Canalha)

Data 24/02/2025 21:19:56 | Tópico: Poemas

A trincheira alagava-se com saudade
Aquela que te corre quente e perdida
E a carne álgida e inerte de um efebo
De pele parda e seca pela eternidade
Doía-lhe como nunca lhe doera a vida
Todo o chão rubro lhe era negro érebo

O peito cravejado de humana loucura
Escondido entre as salvas de canhões
Longe de olhos pais e das mãos mães
Estava ali só no meio de tanta tortura
Um erro sempre igual de gastas lições
Na ordem imperfeita dos teus capitães

No teu regaço adormece meio mundo
O outro meio morre lento e ignorante
Os gritos ouvem-se acolá mais curtos
Chora-te este sonho agora moribundo
Náufrago em mar de gente arrogante
Verbo sem letras nestes dias incertos


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