
Por nada
Data 17/05/2025 13:40:57 | Tópico: Poemas
| Uma das minhas travessuras de criança Era perseguir calangos e preás. Os dois são inofensivos. Mas a graça ou a desgraça de ser caçador, Ou explorador, também me atravessou. A caça não era para tirar proveito da caça, Era para a carcaça da alma ou para a alma da carcaça. Era uma espécie de caça esportiva, Para saciar o insaciável, Para contar o que não conta. Era uma fome sem nome que consome os sentidos E segue cegamente a brincadeira. Era tudo por nada. Perseguindo calangos e preás, Quando eu pisava num espinho, Ou tropeçava numa pedra Culpava quem tentava se salvar. Petrificava o coração, Ficava com sangue nos olhos, Que não demorava a sujar as mãos. A dor da minha estupidez Ou a estupidez da minha dor, O calango ou o preá, Sem dever, ia pagar.
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