A paz não me alcança os belos sentidos

Data 26/05/2025 16:34:54 | Tópico: Sonetos

A paz não me alcança os belos sentidos,
Contudo suspensa vejo-a assim,
Olhando-me e rindo-se de mim,
Como alta ave soltando os seus gemidos.

Longe, no cemitério sem fim,
Plana e pousa no leito dos caídos,
Digo-lhe que não e diz-me que sim,
Abre-me as portas aos passos perdidos.

A paz parou a rotação da terra,
No momento do corpo que se enterra,
Um mocho piou à vinda do rei.

Eu, que não queria a paz nem a lei,
De querer outra paz que nunca sei,
Na paz, na vida, na morte, na guerra.

10 de Dezembro de 1998



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