
Decadência
Data 01/06/2025 20:04:06 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| Caminho entre destroços de mim Com o porte de um desfile. O tempo mastigou meus dias Com dentes de ouro falso, Mas ainda piso firme Como quem crê na eternidade de um salto alto. Meus bolsos estão cheios De cinzas, Bilhetes antigos, E gargalhadas mal lembradas Mas faço deles um estojo Para a última faísca de beleza. O espelho me olha com pena, Mas eu retribuo com pose. A decadência me veste como um alfaiate fiel: Encaixe perfeito nas costuras da desilusão. As paredes do meu quarto Descascaram com charme. Até os cupins parecem artistas, Esculpindo arabescos nas vigas Do que restou de mim. Já não espero visitas, Mas deixo as velas acesas. Não por esperança, Mas por vaidade. E se perguntarem se sofri, Direi que sim Mas sofri como se dança um tango: Coluna ereta, olhos fechados, E um perfume Que disfarça qualquer desmoronamento. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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