Luar apagado da morta lua

Data 06/06/2025 13:36:04 | Tópico: Sonetos

Luar apagado da morta lua,
Nevoeiro quinhentista e cegante,
Chuva crepitante na vaga rua,
Olhos que olham com olhar trespassante.

Vede, mundo! Mais hábil que Bramante,
Esbelta efígie que se insinua,
Num odor quimérico e inebriante,
Corpo de flores que veste a alma nua.

Falai, alma! O que senti e quereis,
Com voz de povo, fidalgos ou reis,
Em qualquer timbre de bom português…

Tudo começa e acaba uma vez,
Desde que o universo existe e se fez;
Tu és Saturno e eu os teus anéis.

17 de Dezembro de 2002



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