
Somos a infância que carregamos nos olhos
Data 10/06/2025 21:36:03 | Tópico: Poemas
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hoje fui mais além, ao norte, lá no sul do Tejo, aquela terra chamada Granja.
uma aldeia que costumava receber seus visitantes com fontes e uma adega.
voltar, significa destapar goteiras, tentativas vãs de fechar torneiras.
visitei o lugar onde brincava mais, o lugar das duas ruínas: uma dos tempos dos reis, outra dos tempos modernos. meu deus, aquela lixeira a céu aberto!
hoje só encontrei a mais antiga, talvez porque a ribeira [grávida do Alqueva], se aproximou, afastando-a da miséria.
foi nesse lugar mágico que encontrei o meu primeiro livro de poesia.
estava sujo, molhado, escrito em francês.
estava junto de cartas de muitos selos e de papéis amarrotados.
imaginei de quem poderia ser: talvez de um emigrante, de um professor, de um poeta, de um escritor.
hoje tenho a certeza: era de um sonhador que regressava nas palavras que escrevia.
hoje sei que tudo seca, menos as palavras escritas. refletidas nos olhos Tejos
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