
Sacrifício agendado sumário
Data 16/06/2025 19:22:17 | Tópico: Poemas -> Crítica
| Ele escondeu o sol da caveira Desceu correndo a grande ladeira O fardadão, com um aperto de mãos Limpou a área para os alemãos O nome dessa novela eu não me esqueço Chama trinta tons de corrupção
E se eu te dissesse quem tem fundamento Eles são inimigos, mas portam-se feito irmãos No repartir do pão da ilusão O salário da morte é igualmente repassado Do figurão ao capitão, de repartição em repartição Um levou dez, o outro cinquentão
Moleque malvado, gritou morte ao Estado Mas mal sabia que era tudo combinado Nos lugares secretos, têm cofres alados Pra ajuntar os miolos que foram espalhados Mais uma leva de jovens mortificados Outro rosto em camisa, mais uma estatística
Na realidade, tudo está conectado Um grande esquema de doutores engravatados Da decepção você era mais um soldado Porque já estava tudo dominado Eis o teatro das mãos do diabo Não dá pra recomeçar, tudo foi apagado
Dizem que é ideologia esse conto do vigário Eu chamo de sacrifício agendado sumário Tente dizer que estou errado Com seu filho mais novo no chão estirado Não era dele, mas foi sorteado O que foi perdido não deveria ser achado
Não vai ter fim, não vai ser acabado Porque o sistema precisa ser perpetuado Acorde as seis, trabalhe igual condenado Um dia escutará, no ônibus todo suado A orquestra das balas, traçante por todo lado Resta no chão deitar assustado Rezando muito pra não ser alvejado
Derrama sangue, gelo sendo enxugado Só não mexe no bolso do doutor Leonardo Do professor ao vereador do seu bairro Lágrimas regam desespero em dor Clientes do caos num rio em janeiro agitado A cara dele estampada num prédio vermelho-azulado
Se eu rebobinar, Ao mesmo ponto vou voltar Sempre os mesmos sonsos, promessas e mentiras Só queria ver o fim da violência Porque eu sei que não vou ver o da indecência Se realmente existe honra entre ladrões Por que continuam esmagando cabeças e corações com sete meia dois e trezoitões
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