Cego e crente na descrença de tudo

Data 20/06/2025 09:24:17 | Tópico: Sonetos

Cego e crente na descrença de tudo,
Em espaços lúgubres, circundantes,
Às mãos do mundo, sufocado e mudo,
De joelhos vivo os últimos instantes.

Mortiço olhar, palavras soluçantes,
No patíbulo, ó carrasco sisudo!
Com jeitos sem piedade e possantes,
Lança das entranhas um grito agudo.

E é quando decepado enfim me levas,
Me amortalhas, me aqueces e me enlevas,
E dás-me a descobrir o mundo teu…

Ressuscitas-me como um deus ateu,
Dos sempiternos braços de Morfeu,
Por ti revejo a luz nas minhas trevas.

30 de Maio de 2006



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