Cego e crente na descrença de tudo,
Em espaços lúgubres, circundantes,
Às mãos do mundo, sufocado e mudo,
De joelhos vivo os últimos instantes.
Mortiço olhar, palavras soluçantes,
No patíbulo, ó carrasco sisudo!
Com jeitos sem piedade e possantes,
Lança das entranhas um grito agudo.
E é quando decepado enfim me levas,
Me amortalhas, me aqueces e me enlevas,
E dás-me a descobrir o mundo teu…
Ressuscitas-me como um deus ateu,
Dos sempiternos braços de Morfeu,
Por ti revejo a luz nas minhas trevas.
30 de Maio de 2006