soneto: Teu Dedo

Data 26/06/2025 13:07:42 | Tópico: Poemas


Teu Dedo

Eu não espero ser aquilo que escrevo,
palavras frias num pedaço de papel.
E não aponte contra mim o teu dedo,
pois até os demônios foram gerados no céu.

Este caos de minha alma é meu segredo,
escrevo nas entrelinhas com pincel
a maldição que me cerca — e sei, não devo
expô-la nas palavras sem algum véu.

Estar quebrado martiriza e dá medo,
traz para mim noite insone e sem sossego,
então, jogo minha alma a um amargo léu.

Nuvens escurecidas são o que eu vejo,
e a poesia é meu suporte, meu apego:
sou um cego que pede esmola sem chapéu.

Alexandre Montalvan



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