
Tempo sem tempo
Data 29/06/2025 20:16:07 | Tópico: Poemas
| I. Olhar filosófico
Se é preciso tempo para viver, por que vivemos como se o tempo fosse coisa alheia? Medimos a existência em relógios, mas esquecemos que o tempo não se mede: se esculpe. E na pressa de chegar, perdemos o único lugar que tínhamos: o agora.
II. Olhar psicológico
Vivemos ocupados, ansiosos, cheios de metas, mas vazios. O tempo nos escorre pelo afeto não dito, pela presença ausente, pelo abraço que virou notificação. Ter tempo virou luxo, mas o luxo é poder parar e respirar sem culpa.
III. Olhar estético-existencial
Há beleza em uma tarde sem urgência. Há arte em ouvir o silêncio de si mesmo. Mas fomos ensinados que só vale o que produz. E agora caminhamos entre obras inacabadas, nós mesmos inacabados, cansados de tentar completar calendários que nos devoram.
IV. Olhar espiritual
E Deus, se é que ainda sussurra, não está no futuro que corre, mas no instante que pousa. Amar é dar tempo, rezar é silenciar as tarefas. A eternidade não está depois da vida: talvez esteja no intervalo entre dois pensamentos sem cobrança.
V. Olhar poético
O tempo, menino traquina, esconde-se debaixo da cama sempre que queremos brincar. Mas às vezes, ele volta entre um café e um pôr do sol. E se ri com a gente, é porque sabe que viver é também saber parar para dançar com o que nos falta.
Síntese atemporal
Quem vive sem tempo, morre em partes. E quem descobre o tempo dentro do peito, descobre o coração como relógio: não para medir, mas para pulsar
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