
monólogo de vitrine
Data 29/06/2025 22:19:32 | Tópico: Poemas
| não...
não me olha só por fora.
esse rosto essa fala medida esse passo elegante — é vitrine.
montada. brilhosa. em sedas de fingimento.
a verdade mora lá atrás. no fundo escuro onde nem eu entro direito. onde guardei tudo que não serve pra exibição: as falhas sem poesia os ciúmes mal resolvidos...
a vontade de gritar quando sorrio.
ninguém quer ver o fundo. o fundo nem sempre é odorizante tem o mofo de escolhas erradas cartas que rasguei os "sim" que dei querendo dizer "não".
aplaude-me pelo que vê mas teria estômago pra ouvir meu silêncio?
para andar descalço nas palavras que eu nunca disse?
para amar-me sem a moldura?
talvez não. talvez — como muitos — prefira vitrine.
vidro reflexo pose.
mas o cansaço se expõe agora quero ser fundo. mesmo que ninguém fique
A linha preferencial da autora é sempre posicionar o sujeito poético na primeira pessoa.
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