Poemas : 

monólogo de vitrine

 
não...

não me olha só por fora.

esse rosto
essa fala medida
esse passo elegante —
é vitrine.

montada.
brilhosa.
em sedas
de fingimento.

a verdade mora lá atrás.
no fundo escuro
onde nem eu
entro direito.
onde guardei
tudo que não serve
pra exibição:
as falhas sem poesia
os ciúmes mal resolvidos...

a vontade de gritar quando sorrio.

ninguém quer ver
o fundo.
o fundo nem sempre
é odorizante
tem o mofo de
escolhas erradas
cartas que rasguei
os "sim" que dei
querendo
dizer "não".

aplaude-me
pelo que vê
mas teria estômago pra ouvir meu silêncio?

para andar descalço
nas palavras que eu
nunca disse?

para amar-me
sem a moldura?

talvez não.
talvez —
como muitos —
prefira vitrine.

vidro
reflexo
pose.

mas o cansaço se expõe
agora quero
ser fundo.
mesmo que ninguém fique



Inconstante...

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A linha preferencial da autora é sempre posicionar o sujeito poético na primeira pessoa.
 
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MarySSantos
 
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