Entre

Data 06/07/2025 19:16:19 | Tópico: Poemas

Fico aqui.
Não por contenção ou hábito,
mas porque há passados que não cabem no fim.

A espera,
quieta,
mora nas linhas ao redor dos olhos,
onde a memória se senta
sem pedir licença.

Mas isso não é tristeza,
é um modo de lembrar
sem perder o fio,
como quem acende a luz
num quarto onde ninguém entra.

O tempo escorre
entre o que já foi
e o que ainda falta.

Há dias em que, estranhamente,
essa passagem silenciosa basta
para abrigar a alma — ou manter o fôlego.

E mesmo que doa um pouco,
é assim que vivo
num lugar que quase desaba.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=379055