Fico aqui.
Não por contenção ou hábito,
mas porque há passados que não cabem no fim.
A espera,
quieta,
mora nas linhas ao redor dos olhos,
onde a memória se senta
sem pedir licença.
Mas isso não é tristeza,
é um modo de lembrar
sem perder o fio,
como quem acende a luz
num quarto onde ninguém entra.
O tempo escorre
entre o que já foi
e o que ainda falta.
Há dias em que, estranhamente,
essa passagem silenciosa basta
para abrigar a alma — ou manter o fôlego.
E mesmo que doa um pouco,
é assim que vivo
num lugar que quase desaba.