enxerto

Data 06/07/2025 23:11:04 | Tópico: Poemas



não há unicidade no vento
se não passeia sozinho
traz poeira em rodopios no corpo
como vestido de organza

quando nos percursos
despe-se
e veste-se
veste-se
e despe-se

aparenta entusiasmo ao
pegar e largar o pó
em algum lugar

mas tem presença que rodeia outra
para escolher o lugar
que a fará sangrar

sempre existe um caule que permite
ser ferido para aceitar doído
outro silencio
como quem acolhe um pedido

para entranhar em seu corpo
não como raiz
mas caminho
resvalo
rastro.

que somente quer ficar para florir
... como quem chega tarde
na vida de alguém
e mesmo assim decide existir

pensa-se ser invasão
quando é mútua doação

enquanto um oferece ferida
o outro
promessa de flor

como quando alguém nos ama
apesar da dor

entre o que era e o que vem a ser
há sutura invisível
e
no fundo
amar é só isso
deixar-se ferir
para crescer

mas... e o vento?
ah
está passando!




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