não há unicidade no vento
se não passeia sozinho
traz poeira em rodopios no corpo
como vestido de organza
quando nos percursos
despe-se
e veste-se
veste-se
e despe-se
aparenta entusiasmo ao
pegar e largar o pó
em algum lugar
mas tem presença que rodeia outra
para escolher o lugar
que a fará sangrar
sempre existe um caule que permite
ser ferido para aceitar doído
outro silencio
como quem acolhe um pedido
para entranhar em seu corpo
não como raiz
mas caminho
resvalo
rastro.
que somente quer ficar para florir
... como quem chega tarde
na vida de alguém
e mesmo assim decide existir
pensa-se ser invasão
quando é mútua doação
enquanto um oferece ferida
o outro
promessa de flor
como quando alguém nos ama
apesar da dor
entre o que era e o que vem a ser
há sutura invisível
e
no fundo
amar é só isso
deixar-se ferir
para crescer
mas... e o vento?
ah
está passando!
Inconstante...
