
Os diários da juventude
Data 14/07/2025 14:15:22 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Os diários da juventude São cemitérios de palavras que, um dia, ardiam. Frases escritas Com o sangue quente da descoberta, Mas que hoje jazem caladas, Mortas por quem as escreveu. Não foram os anos que as mataram, Mas a própria mão que, ao crescer, Renegou o que foi. A juventude escreve para não se afogar. Mas o adulto, ao reler, Sente vergonha da própria margem. E então rasga, queima, cala. As palavras, outrora vivas, Morrem de fome, De silêncio, De esquecimento voluntário. Talvez por isso os diários envelheçam mal: Não suportam ser lidos por olhos que perderam A febre das primeiras vezes. Mas quem dera tivéssemos coragem De abraçar a tolice da juventude, Pois ali, entre o exagero e o espanto, Mora uma verdade que o tempo Não consegue mais escrever. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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