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Os diários da juventude

 
Os diários da juventude
São cemitérios de palavras que, um dia, ardiam.
Frases escritas
Com o sangue quente da descoberta,
Mas que hoje jazem caladas,
Mortas por quem as escreveu.

Não foram os anos que as mataram,
Mas a própria mão que, ao crescer,
Renegou o que foi.

A juventude escreve para não se afogar.
Mas o adulto, ao reler,
Sente vergonha da própria margem.

E então rasga, queima, cala.
As palavras, outrora vivas,
Morrem de fome,
De silêncio,
De esquecimento voluntário.

Talvez por isso os diários envelheçam mal:
Não suportam ser lidos por olhos que perderam
A febre das primeiras vezes.

Mas quem dera tivéssemos coragem
De abraçar a tolice da juventude,
Pois ali, entre o exagero e o espanto,
Mora uma verdade que o tempo
Não consegue mais escrever.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

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Autor
Odairjsilva
 
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Enviado por Tópico
MÁRIO52
Publicado: 14/07/2025 17:15  Atualizado: 14/07/2025 17:15
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Mensagens: 662
 Re: Os diários da juventude
Na nossa juventude, fazemos muitas asneiras e disparates próprios da imaturidade. Depois, com o tempo, a experiência, e a maturidade, tentamos fazer um reset do que para traz ficou.

Gostei deste poema, caro amigo poeta.

Abraço fraterno!

Mário Margaride