Entre o nome e o silêncio

Data 15/07/2025 00:54:54 | Tópico: Poemas

Não adormeças.
Alguns sonos vêm
com promessas de cura
e saem levando o que nos resta.

Alguns pensam ser força
calar o incêndio,
mas tu sabes:
arder, às vezes,
é o que ainda nos desenha.

Sentir é chama,
é não fugir da lâmina.
É estender a pele
e, sem desperdiçar o corte,
sê inteiro.

Certas coisas ficam
mesmo depois que passam.
Como um gosto
na boca depois do vinho,
ou o silêncio
que soube teu nome
e o chamou,
como se já o tivesse sido.

Não aceites o alívio que apaga.
Deixa que doa.
Que fique,
que fira.

Há escolhas que protegem —
mas não salvam.
Às vezes,
é a prudência que nos custa a vida.


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