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 Para Ventos de Leste (127ª Poesia de um Canalha)Data 17/07/2025 16:34:06 | Tópico: Poemas
 
 |  | Tinha a sede do leite materno que o acalmava E curava as dores à fome de crescer depressa
 O puto que ainda estranhava o som das balas
 Era um desses com a sorte de quem brincava
 Saltava muros para fugir ao que não interessa
 Ria perdidamente do prazer de faltar às aulas
 
 O pai e a mãe já de cabelo grisalho sorridente
 Olhavam em silêncio pecador o avarento petiz
 O momento era quase uma bomba a deflagrar
 De repente a tal palavra com gracejo inocente
 Como se abrisse a janela de mais um dia feliz
 E mais outro que um é pouco para poder voar
 
 Do outro lado os mesmos olhos e uma tristeza
 Como se a infância só vivesse cá neste pedaço
 O breve grito de morte sem sorte e sem norte
 Putos sem bágoa de armas na mão e vil frieza
 Vidas a prazo lutam por restos de pão escasso
 Ali não há pais ou mães nem amor qu'importe
 
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