
O Velho Rosto do Poeta de Sempre
Data 16/07/2025 17:01:52 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| para Ferreira Gullar
é no enfrentamento nascido à luz do não-dito o nascer do poema que invento e antes foi só intento fortuito
(um mito)
mito pairando sobre a sala entre o tantas vezes dito
e que não se repara sob a repetida fala
— sempre a fala a fala a fala
é o sumo do pensamento retirado pela caneta (agulha de Orfeu) o sangue desse momento à correr em tinta preta
(ou azul ou vermelha mais vermelha que o próprio sangue)
do qual – demiúrgo – torna o pensamento estanque
e dele escreve um novo mito (outro possível) à luz do primeiro instante
(a caricatura dos que vieram antes)
até ser moldado no esforço — soco a soco o esboço —
um novo rosto para aquilo
a ser chamado de estilo
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